Por décadas, o Centro de Niterói foi ponto de passagem e moradia de milhares de jovens universitários, em sua maioria estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Mesmo com a presença massiva de jovens na região — e com a cidade sendo capital do estado até os anos 70 —, essa energia nunca foi valorizada de verdade pelo poder público ou pela iniciativa privada.
A cidade sempre contou com uma rede hoteleira pequena e voltada a outros perfis de público. Os jovens precisavam se virar em pensões, repúblicas, pensionatos familiares e, por muitos anos, também na Casa do Estudante, no Ingá — que acabou abandonada pela própria UFF, mesmo após protestos e mobilizações por sua recuperação. Hoje, o campus do Gragoatá abriga um pequeno espaço para moradia estudantil, mas que não supre a demanda.
Mesmo com a expansão da UFF para outros municípios do estado — como Friburgo, Petrópolis, Rio das Ostras, Pádua e Volta Redonda —, o fluxo de jovens no eixo Gragoatá–Centro ainda é intenso. Estima-se que cerca de 30 mil estudantes circulem pela região, somando alunos da UFF e também das faculdades privadas, como Estácio, FAMATH, Universo e Anhanguera. Só a UFF de Niterói concentra mais de 12 mil alunos ativos.
Apesar disso, esse cenário jovem e promissor seguiu sendo ignorado por décadas. Mas agora, o prefeito Rodrigo Neves quer reverter esse quadro. Uma das iniciativas é o Programa Aluguel Universitário, que vai oferecer R$ 700 mensais para estudantes da UFF e de faculdades privadas que residam no Centro. A proposta tem como objetivo garantir moradia acessível e condições para que os jovens se mantenham na universidade e na cidade.
O projeto também faz parte de um plano maior de revitalização do Centro, que busca resgatar o movimento urbano, valorizar o comércio local e atrair investimentos. A ideia é que Niterói reconheça, de fato, o valor que esses jovens trazem — não apenas como estudantes, mas como agentes culturais, consumidores e futuros profissionais.
Mesmo sendo um passo importante, o projeto enfrentou resistência. Alguns vereadores votaram contra, surpreendendo negativamente quem acompanha de perto a luta por mais políticas públicas voltadas à juventude.
O potencial do Centro de Niterói sempre esteve ali. Faltava apenas vontade política para enxergar e valorizar quem ajuda a manter a cidade viva: seus estudantes.